CERTIFICAÇÕES DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS

Certificações para Materiais Sustentáveis

Arq. Daniela Corcuera


Como especificar materiais quando se fala em edifícios sustentáveis?
Que selos e certificações existem no Brasil e o que elas significam?  O que torna um material “sustentável”?

Estas são algumas das perguntas recorrentes por parte de profissionais preocupados em especificar corretamente, quando se pensa em sustentabilidade na arquitetura.

Os selos existentes no Brasil ainda não cobrem por completo a questão da sustentabilidade, mas alguns podem ajudar na escolha de materiais e produtos.  É preciso conhecer e entender como as informações são apresentadas, existem três níveis.

Auto – declaração:  o fabricante apresenta dados do seu produto que não foram testados ou aprovados por outros.  A chamada FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico) que fornece informações sobre o transporte, manuseio, armazenamento e descarte de produtos químicos, considerando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente, é um exemplo de auto-declaração. Em alguns países, é chamada de Material Safety Data Sheet - MSDS.  A FISPQ possui 16 seções, cuja terminologia, numeração e seqüência atendem a norma brasileira NBR 14725.  A FISPQ passou a ser obrigatória no Brasil para as tintas utilizadas na construção civil. Outros exemplos incluem selos de reciclabilidade para separação de plásticos, vidros e metais.


Declaração de segunda parte:  realizada normalmente em nome da empresa, por consumidores, mas eventualmente também por uma associação comercial ou empresa de consultoria, que estabelece alguns critérios, mas pode haver pouca garantia sobre os conflitos de interesse.  Pouco utilizada no Brasil. 

Declaração de terceira parte: realizada por uma instituição independente, conduz testes e emite atestados de certificação por meio de auditorias, de forma confiável e isenta.  O selo FSC, por exemplo, atesta madeiras que foram produzidas por meio de manejo sustentável.  O selo Ecológico da Falcão Bauer é outro exemplo, assim como os selos da ABNT.


    

Existem diversos sistemas de certificação de Edifícios Sustentáveis, no Brasil estão em uso o LEED (do USGBC – United States Green Building Council) de origem americana e o AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de origem francesa.  Vale ressaltar que estes sistemas não certificam materiais e produtos, porém apenas edifícios.

Enquanto não há selos mais completos para avaliar materiais de construção no Brasil, ao longo de todo o ciclo de vida do material, contemplando geração de resíduos, consumo de energia, consumo de água, geração de poluentes, ruídos, impactos ao meio ambiente e outros, um roteiro simples, mas que pode auxiliar nessa tarefa, é o roteiro apresentado pelo CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável).  Em seu site, o CBCS (www.cbcs.org.br) apresenta 6 passos para escolha de insumos e fornecedores:
  1. Verificação da formalidade da empresa fornecedora (CNPJ)
  2. Verificação da licença ambiental da unidade fabril
  3. Respeito às normas técnicas que garantem a qualidade do produto
  4. Consultar o perfil de responsabilidade sócio-ambiental da empresa
  5. Identificar a existência de “maquiagem verde” (greenwash)
  6. Análise da durabilidade do produto

O importante é não se enganar com declarações e selos levianos ou fictícios, que colaboram para o chamado Greenwash (“maquiagem verde”), pois a cada dia surge algo novo.  O melhor caminho é investigar, perguntar e pedir comprovações claras e confiáveis aos fornecedores.

Daniela Corcuera, arquiteta e mestre em Arquitetura Sustentável pela FAU-USP.  É consultora, atuando na área de certificação, materiais de construção e projetos. Ministra diversos cursos de atualização profissional e pós-graduação, é docente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, SENAC, INBEC e AEA. É LEED Accredited Professional, pelo USGBC (United States Green Building Council) e formada pela Fundação Vanzolini para auditoria AQUA, ambos sistemas de certificação de empreendimentos sustentáveis.  Atua como consultora e auditora do Instituto Falcão Bauer de Qualidade, no grupo do Selo Ecológico para certificação de materiais.  É membro do comitê de materiais do GBC Brasil para a tropicalização do LEED, membro do CBCS (Comitê Brasileiro de Construção Sustentável) e membro benemérito da ANAB Brasil (Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica). Realiza palestras no Brasil e no exterior, além de ter sido entrevistada em diversos meios de comunicação e ter várias publicações. 


Fontes Bibliográficas

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